terça-feira, 3 de maio de 2011

Vida. O tempo nosso de cada dia.

Você procura ler todos os e-mails que chegam por dia em sua caixa de mensagem e não consegue? Sente que “perde” muito tempo com distrações diárias, que poderiam ser eliminadas? Sente que o dia está ficando cada vez mais curto? Abandonou seus sonhos e projetos por falta de tempo? Acredite: esta não é uma sensação exclusiva sua!! Trata-se de uma forma de perceber o tempo e a vida própria do contexto pós-industrial, que apresenta características cada vez mais intensificadas.
De acordo com Thompson, historiador britânico, à medida que a mudança na organização, distribuição e percepção do tempo afetou a disciplina de trabalho, também influenciou fortemente a percepção interna de tempo das pessoas. Especialmente para pessoas imersas no mundo do trabalho marcado pelo relógio, a forma mecânica de percepção do tempo parece ser a única.
Mas nem sempre foi assim. Nas sociedades primitivas ou tradicionais, a divisão do trabalho era menor, e era comum as mesmas pessoas exercerem várias tarefas ou ocupações diversificadas, realizando ao mesmo tempo atividades de artesãos, construtores, agricultores, etc. Esse tipo de trabalho não admitia cronogramas precisos, e o ciclo de trabalho diário e semanal, embora fosse regular, não era linear: obedecia-se a uma alternância de ritmos.
Vale atentarmos para o fato de que a possibilidade de ter um relógio em casa só começou a se popularizar a partir do século XVII, e inicialmente só existiam ponteiros das horas, e não dos minutos. Ou seja, a precisão e o controle tão absoluto do tempo é algo bem moderno, historicamente recente. À medida que a Revolução industrial avançou e requereu maior sincronização do trabalho, foram sendo difundidos os relógios, mas, por muito tempo, foi proibido aos operários das fábricas portarem relógios no local de trabalho!
Mas vale perceber que a natureza dessa grande transformação não está circunscrita à esfera econômica, da “industrialização”, decorrentes das mudanças na técnica de manufatura. Na verdade, como bem podemos observar em nosso cotidiano, e como já alertava o mencionado historiador, ocorreu toda uma mudança de cultura.
Assim, já não somos mais donos do nosso tempo, não vivemos o “nosso” tempo, e sim, nos rendemos a ele, obedecendo a um ritmo de trabalho, de lazer e de vida marcado por vontades e determinações que em geral não são nossas. Por conseqüência, tudo o que exige atenção, dedicação, inclinação, profundidade, nos entedia, nos incomoda, nos leva a sentir que estamos perdendo tempo, que estamos fazendo algo para o qual não vemos utilidade.
É assim que transformamos nossa vida em tempo a ser negociado, e não nos damos conta do essencial, já elucidado pelo poeta: “não é o tempo que passa, nós é que passamos”.
Aquele abraço!!
Profa. Dra. Elizabete David Novaes

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