sábado, 23 de outubro de 2010

Conheça os desafios de prestar vestibular longe de casa

Imprevistos do exame se somam aos do deslocamento para outras cidades


Por Thamires Andrade

Dicas para quem vai prestar vestibular fora da sua cidade

- Crie um calendário para se organizar e não perder a data de nenhuma prova
- Não deixe para comprar passagem ou marcar hotel na última hora
- Confira o programa do processo seletivo para não deixar de estudar nenhuma matéria
- Tente ficar tranquilo para evitar que fatores emocionais influenciem em seu desempenho
- Procure chegar com antecedência no local do exame
- Não confira o gabarito antes de todos os exames serem concluídos
- Ignore os comentários de alguns companheiros de estudo sobre pontuação na prova
- Pense bem se você se adaptará à cidade em que deseja estudar
- Considere todos os gastos e o tempo de viagem de volta para casa
- Procure dormir e se alimentar bem.
Para driblar a alta concorrência dos vestibulares, além da dedicação integral à preparação, muitos estudantes arrumam as malas e saem pelo Brasil afora para ampliar as oportunidades de ingresso no Ensino Superior. Há quem troque a comodidade de uma universidade próxima para se arriscar em faculdades de outras cidades ou mesmo de outros estados. Na busca por acesso à graduação vale até a mudança de região. O deslocamento, no entanto, se faz necessário inclusive durante o processo seletivo, mesmo sem a garantia de aprovação.
Esse foi o caso de Laís Peterlini, que mora em Amparo, interior de São Paulo. Na tentativa de ingresso no curso de jornalismo, ela prestou os processos seletivos da USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da Faculdade Cásper Líbero. Para cumprir toda essa jornada, a estudante teve de se deslocar até Campinas e São Paulo. Processo que se repetiu mais de uma vez, com o auxílio do curso preparatório. "A instituição sempre reservava uma van ou um ônibus ? a depender da quantidade de candidatos - para garantir o translado que ia e voltava no mesmo dia", conta ela.
Atrasos não eram tolerados nessa excursão, mas imprevistos surgiam sem pedir licença. Na primeira fase da USP, Laís conta que o ônibus quebrou próximo à cidade de Pedreira (SP). 
Na corrida contra o relógio e sem a perspectiva da chegada de um meio de transporte substituto, a solução foi pedir carona na estrada. "Foi quando avistamos o ônibus de uma dupla sertaneja, Ronny e Rangel. O dono do cursinho foi até eles explicar a situação e a dupla nos emprestou o transporte", conta a estudante, que, mesmo diante dos problemas, chegou a tempo de realizar a prova.
Para não ser pego de surpresa, tampouco deixar que certos imprevistos coloquem em xeque o ingresso na universidade, Laís orienta que os candidatos se prepararem, mantenham a calma e se organizem com antecedência. "O bom é montar um calendário com as provas e sempre reservar com antecedência o transporte ou local em que ficará hospedado para não deixar passar nenhuma data. Tentar conhecer o local da prova é o ideal, mas nem sempre acontece. Portanto, sempre chegue com bastante antecedência", recomenda a estudante.
Além de garantir a entrada no local do exame, Orlando Pinheiro, diretor de vestibular e exame da UFV (Universidade Federal de Viçosa) - instituição que realiza provas em 20 cidades dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo -, aponta a necessidade de garantir o equilíbrio emocional, facilmente corrompido a partir desses imprevistos. Segundo ele, o aluno deve buscar tranquilidade mesmo em momentos de tensão. "Para ter bom rendimento é preciso ignorar todos os acontecimentos externos e se dedicar integralmente às questões. O desequilíbrio emocional é o vilão de qualquer aluno, esteja onde estiver", garante Pinheiro.
Controle emocional que, segundo Laís, não é nada fácil manter. A estudante, por exemplo, teve de dividir sua atenção com a prova da Cásper Líbero e com o nascimento de seu sobrinho. "Minha irmã esperava para ter parto normal, mas o médico resolveu marcar a cesárea bem no dia da prova", conta ela. Ainda que tenha ficado chateada por não acompanhar o nascimento de seu sobrinho, ela precisou se concentrar apenas nas questões do exame. "Claro que algumas vezes a preocupação com o parto invadia meus pensamentos, mas evitei me focar no mundo exterior", diz Laís.
Para impedir que os imprevistos e o desgaste da viagem interferissem no desempenho do exame, Thiago Gonçalves, natural de Piquete, no interior paulista, que atualmente estuda Engenharia de Produção da UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá), optou pela hospedagem na casa de amigos e familiares. "Minha tia interrompeu sua rotina para me receber e adequou suas atividades aos meus horários (quando prestou vestibular em Itajubá). Já quando fiquei na casa do meu amigo tinha de realizar todas as tarefas a pé num espaço de tempo muito apertado (quando tentou um vaga na USP em São Carlos)", compara ele, que também prestou para a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e da Unesp.
Laís Peterlini teve que se deslocar de Amparo a São Paulo para prestar o vestibular
Para aqueles que não podem recorrer ao auxílio de conhecidos durante a estadia na cidade em que a prova será aplicada, o diretor da UFV aconselha o uso da Internet. "Com as ferramentas de busca dá para encontrar uma boa pousada próxima ao local ou um bom restaurante", afirma Pinheiro. Ele sugere ainda que os estudantes fujam de festas e comidas típicas da região, pois precisam dormir bem e não podem contrair doenças, como intoxicações alimentares ou reações alérgicas.
Nem sempre optar por um vestibular distante da cidade natal é tão complicado como parece. É o que garante Gonçalves, que argumenta que a tensão com o exame omite a preocupação com a distância da família. O estudante ainda dá a dica para quem pretende enfrentar as estradas para garantir a vaga no Ensino Superior: "Antes de escolher o curso e a faculdade é preciso avaliar se há condições de se mudar para esse local. Caso contrário, não existe nada mais decepcionante do que ser aprovado no vestibular e não poder cursar", afirma ele, que optou por uma instituição federal para que os gastos com a educação fossem menores. Mas ele alerta que mesmo assim é preciso pensar no orçamento. "Coloque na ponta do lápis os gastos com aluguel, alimentação, contas da casa, além das viagens de volta para a casa", descreve ele.
Outra questão que deve ser considerada durante o processo de escolha, segundo Laís, são as oportunidades do mercado de trabalho na região em que a instituição está localizada. "Passei em jornalismo na Unesp, em Bauru, mas as chances de trabalho na área são escassas, então resolvi prestar algum vestibular que pudesse estudar em São Paulo", afirma. Ela também acredita que a distância deve ser levada em conta na hora de decidir para onde ir. "Não adianta ir para longe e depois sofrer porque não poderá ir para a casa sempre. Pensava em mudar de estado, mas conheci um pouco mais o modo de vida da região e desisti porque sabia que não me acostumaria com a nova rotina", acrescenta.
O diretor Pinheiro concorda com a opinião dos estudantes e sugere que os candidatos não confiram o gabarito antes do término de todos os exames. "Evite que a guerra psicológica dentro dos cursinhos interfira o seu desempenho, já que muitos colegas mentem a nota para o outro apenas para gerar instabilidade. Tente abstrair ao máximo o comentário alheio", indica ele.
Fonte: Universia

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